#01 Matriarca Ana Maria Miranda

 

 
Ana Maria Miranda nasceu em 11 de maio de 1946, filha de uma tradicional família negra envolvida, por parte de mãe, com a cultura erudita e por parte de pai, com a cultura popular de matriz africana. Seus avós Bonifácio Francisco Miranda e Margarida Eufrosina do Nascimento, foram componentes de grande destaque no Batalhão de Samba de Bumbo do bairro do São Bernardo em Campinas – SP. Ana foi criada envolta num ambiente cultural muito forte, peculiaridade a qual sempre traz lembranças fortes sobre sua infância na casa dos avós paternos, com almoços festivos que reuniam a família aos domingos e que sempre terminavam com a formação do Samba de Bumbo no terreiro, com os pontos a rasgar o ar e marcar o peito de lembranças:“Dona Maria Sai pra fora venha ver!!!! Dona Maria Sai pra fora venha veer! O seu terreiro começou a florescer! O seu terreiro começou a florescer!”

Seus tios e avós participavam também do Bloco Carnavalesco Nem Sangue, Nem Areia bem como do Centro Cultural e Recreativo Benedito Carlos Machado, conhecido popularmente como Clube Machadinho, ambos fundados no ano de 1945. Durante sua infância e juventude sempre esteve imersa neste ambiente prospero e rico culturalmente. Em 1987, integra a comunidade religiosa Ilesin Ogun LaKayie Osinmole liderado por Baba Toloji. Neste mesmo ano, conhece a Mestra Raquel
Trindade (1936 – 2018) que fazia uma apresentação de Maracatu dentro da Unicamp, local de trabalho de Ana. Encantada com tanta beleza, assim que recebe a divulgação do curso de “Danças Populares e Sincretismo Religioso” que Raquel ministraria, realiza sua inscrição e integra o núcleo de personalidades negras campineiras que daria origem ao Grupo de Teatro e Danças Populares Urucungos Puitas e Quijengues fundado em 1988. Na formação da diretoria do Grupo, Ana foi a primeira presidente, cargo que ocupou durante 20 anos consecutivos, atualmente integra o Conselho Vitalício do Grupo. Ana Maria Miranda é um exemplo vivo de luta, amor e muita dedicação à cultura popular.