Anos e anos de luta para dar continuidade aos trabalhos sociais da Nação de Maracatu Encanto do Pina, MESTRA JOANA foi se tornando inspiração para outras mulheres que buscavam se empoderar para superar tais amarras em suas comunidades, em seus mais diversos contextos.
Sendo inspiração, Mestra Joana foi se sensibilizando a necessidade de trazer à tona discussões acerca do papel da mulher no maracatu de baque virado e de como o mesmo pode potencializar mulheres não somente participantes, mas também moradoras da comunidade do Bode e seu entorno, que muitas vezes não se identificam com as expressões culturais em cena justamente por não terem o protagonismo feminino. E foi assim que ela, em 2008, idealizou e concretizou o grupo MARACATU BAQUE MULHER, um grupo de maracatu de baque virado composto somente por mulheres que cantam, dançam e tocam loas (canções) próprias, compostas enquanto instrumento de expressão feminina, luta e resistência pelos direitos das mulheres.
Tendo suas raízes fundamentadas nas duas Nações de Maracatu de baque virado da comunidade do Bode, a Nação de Maracatu Encanto do Pina e a Nação de Maracatu Porto Rico Mestra Joana manifesta com o grupo a importância de se refletir sobre todos os tipos de violência contra a mulher, seja psicológica, verbal ou corporal, sobre o racismo contra a mulher negra, sobre a valorização das matriarcas nas tradições da religião de Matriz Africana e Indígena, sobre o poder feminino e o legado das mulheres mais velhas que lutaram por direitos básicos que hoje nos beneficiamos e, ainda, sobre o papel da mulher nas manifestações culturais.
Desde então, mulheres componentes dessas duas nações e de grupos filiados de outros estados, tem se identificado com a proposta somando forças ao movimento que hoje conta com mais de 200 batuqueiras, sendo que a maioria se concentra em Recife, mas outras tantas se encontram difundidas por todo o Brasil. Por isso, acredita-se que cada vez mais o grupo Baque Mulher tem ampliado sua rede de intervenção, se tornando um movimento social de alcance nacional e que tem suas ações realizadas em cidades do norte ao sul do país.
Para participar do movimento é fundamental entender a proposta e quais os fundamentos que compõem o Baque Mulher. Segundo Mestra Joana, as integrantes do Baque Mulher tocam as Nações do Pina: Porto Rico e Encanto do Pina. Outro aspecto importante para a Mestra é o uso da saia, maquiagem e cabelo solto com as cores rosa e laranja, como forma de resistência e legitimidade. O Baque Mulher traz em sua essência a força dos orixás e da Jurema Sagrada.
Em fevereiro de 2016 nascia mais uma grande ação: Mestra Joana e o Baque Mulher articularam o coletivo FEMINISTA DO BAQUE VIRADO, que tem por objetivo alinhar posicionamentos e fomentar a partir do maracatu de baque virado projetos voltados para o empoderamento feminino. Assim, membras do Baque Mulher espalhadas de norte ao sul se veem motivadas a realizar ações em suas próprias comunidades, em suas escolas, em suas cidades, sempre apoiadas nos fundamentos do Baque Mulher e sob orientações de Mestra Joana.
Texto extraído do site do grupo: https://baquemulher.com.br/origem/
Lugar de Mulher
O grupo apresenta a loa "Lugar de Mulher", criada por Valéria Ferreira. Essa letra deixa bem claro que lugar de mulher é onde ela quiser, inclusive nos tambores! O grupo feminista As Mina Que Toca puderam participar da elaboração dos trabalhos de percussão, dentro da lnguagem do maracatu de baque virado com sotaque da nação Encanto do Pina.
Feministas do Baque Virado e Proteção das Orixás
Nesse vídeo, o grupo apresenta duas loas. A primeira, criada e elaborada por Glória Cunha, faz referência ao Movimento Feministas do Baque Virado, além de louvar Oxum tocando o abatá. Na segunda loa, composição coletiva de Raquel, Luana e Iara, o grupo canta e dança sobre a importância das cores do Baque Mulher, louvando o rosa de mãe Oyá e o laranja de Obá!